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Podcast Comunitário como uma Ferramenta de Comunicação e Resiliência na Promoção da Cultura de Paz e Justiça Social em Contextos de Desastres Climáticos
DOI:
https://doi.org/10.15603/ina.vol.1.2074Palavras-chave:
cultura de paz, interdisciplinaridade, justiça social, desastres climáticos, comunidades vulneráveis, podcastResumo
Podcast Comunitário como Ferramenta de Comunicação e Resiliência na Promoção da Cultura de Paz e Justiça Social em Contextos de Desastres Climáticos
A intensificação de desastres climáticos como enchentes, secas e deslizamentos tem gerado impactos sociais e psicossociais profundos, sobretudo em populações vulnerabilizadas. O problema central que este projeto enfrenta é como a comunicação estratégica, especialmente por meio de podcasts comunitários, pode mitigar esses impactos, fortalecer a Cultura de Paz e promover a justiça socioambiental em territórios atingidos. O objetivo geral é desenvolver, produzir e distribuir uma série de podcasts interativos que funcionem como ferramentas de apoio, informação e mobilização em situações de crise. Entre os objetivos específicos, destacam-se: coletar narrativas de sobreviventes, produzir conteúdos informativos com especialistas, assegurar ampla distribuição em plataformas digitais e rádios comunitárias e fomentar vínculos comunitários para reduzir estigmas e estimular solidariedade. A fundamentação deste projeto dialoga com marcos internacionais e nacionais. O Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres (2015) estabelece que a comunicação deve ser multissetorial e inclusiva, envolvendo mulheres, crianças, idosos e grupos vulneráveis na formulação de estratégias de prevenção e resposta. O Acordo de Escazú (2018) reforça o direito de acesso à informação e à participação pública em temas ambientais, garantindo transparência e equidade nos processos. No Brasil, o Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil (PN-PDC 2025-2035) destaca a comunicação de riscos como prática interativa, fundamental para o engajamento social e a redução da vulnerabilidade. Tais documentos convergem para a necessidade de comunicação acessível, transparente e participativa em contextos de desastres. Do ponto de vista teórico, Paulo Freire (1996) compreende a educação como processo emancipatório, no qual a escuta ativa e o diálogo horizontal são essenciais para a transformação social. Habermas (1984) complementa ao tratar da ação comunicativa como prática que favorece consensos em espaços públicos. No campo midiático, estudos mostram que o podcast, inicialmente um recurso alternativo e de baixo custo, tornou-se também uma
ferramenta de democratização comunicacional, preservando seu potencial emancipatório e contra-hegemônico mesmo diante da apropriação por grandes conglomerados (Cardoso; Villaça, 2022). Na América Latina, autores como Franz e Lozano (2015) discutem o papel da comunicação na personalização das catástrofes, enfatizando que narrativas midiáticas críticas e inclusivas podem dar visibilidade às vozes silenciadas e evitar a espetacularização do sofrimento. A metodologia adotada é participativa e dialógica, articulada em quatro etapas: levantamento de vozes e dados locais por meio de rodas de conversa e escuta ativa; produção de episódios curtos (até cinco minutos) com sobreviventes e especialistas; disseminação via agregadores digitais, WhatsApp e rádios comunitárias. Essa abordagem se ancora em princípios da democracia participativa e busca garantir que a comunicação seja um canal de empoderamento, fortalecendo a resiliência comunitária e alinhando-se às diretrizes do PN-PDC. Como resultado, espera-se que o projeto possibilite uma compreensão ampliada sobre a relevância do podcast como instrumento de comunicação comunitária em contextos de desastres. A expectativa é que a escuta ativa revele diferentes formas de expressão de crianças, jovens, adultos e idosos diante do trauma, fornecendo subsídios para a produção de episódios que articulem orientações de especialistas e relatos de resiliência. A distribuição por rádios comunitárias e aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, deverá ampliar o alcance do conteúdo em áreas de baixa conectividade, demonstrando o potencial do formato para superar barreiras tecnológicas e territoriais. Espera-se ainda que a valorização das histórias locais contribua para combater estigmas, reforçar laços de solidariedade e promover uma Cultura de Paz, em consonância com os princípios do Marco de Sendai e do Acordo de Escazú. Conclui-se que o podcast comunitário se configura como ferramenta estratégica para integrar comunicação, resiliência e justiça socioambiental em cenários de desastres. Ao conjugar narrativas locais, saberes técnicos e experiências de vida, projeta-se um processo comunicacional mais humano, participativo e emancipador. O projeto pretende, assim, reforçar o direito à informação e à participação como fundamentos da democracia ambiental e indicar a comunicação comunitária como caminho essencial para a construção de sociedades mais justas, solidárias e resilientes.
Referências
BRASIL. Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil 2025-2035: mecanismos de capacitação e difusão. Brasília: MIDR, 2024.
CARDOSO, M.; VILLAÇA, L. Podcast no Brasil: disrupção de modelos de comunicação ou submissão à lógica de grupos hegemônicos de poder? Revista Alterjor, v. 12, n. 25, p. 111-120, 2022.
FRANZ, M.; LOZANO, C. Palavras que dão a volta ao mundo: a personalização das catástrofes na mídia. Chasqui. Revista Latinoamericana de Comunicación, n. 130, p. 243-258, 2015.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
HABERMAS, J. Teoria da ação comunicativa. São Paulo: WMF Martins Fontes, 1984.
NAÇÕES UNIDAS. Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres 2015-2030. Genebra: ONU, 2015.
NAÇÕES UNIDAS. Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Acordo de Escazú: Acordo Regional sobre Acesso à Informação, Participação Pública e Justiça em Assuntos Ambientais na América Latina e no Caribe. Santiago: CEPAL, 2018.
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