Companhias incômodas para Javé? Deusas no mundo do Antigo Israel e arredores

Autores

  • Christoph Uehlinger

DOI:

https://doi.org/10.15603/2176-0985/mandragora.v25n1p5-31

Resumo

O artigo oferece uma visão panorâmica das deusas atestadas no Sul do Levante, que está dentro do horizonte cultural da(s) antiga(s) religião(ões) israelita(s) e judaíta(s). Sua principal premissa é que antigos deuses e deusas refletem funções socialmente significativas, e que eles e elas foram concebidos e concebidas tanto em modelos sociomórficos quanto antropomórficos. Enquanto os modelos anteriores amplamente baseados nos registros bíblicos enfatizavam a excepcionalidade do deus de Israel, pesquisas mais recentes realocaram Javé dentro do contexto mais amplo das antigas sociedades e das tendências religiosas do Levante meridional. A evidência epigráfica e visual atualmente disponível aponta para a veneração de uma deusa Aserá ao lado de Javé, a principal divindade masculina no antigo (pré-exílico) Israel e Judá. Durante a segunda metade do primeiro milênio aEC, vários grupos de elite levaram Javé à uma postura cada vez mais hostil contra (sua) Aserá e outras deusas, um processo que deveria ser explicado pelos historiadores em termos estritamente sócio-históricos. Isso resultou em várias visões exclusivistas, parciais e, muitas vezes, unilaterais da divindade, não apenas no que diz respeito a questões de gênero. Visões que depois judaísmo, cristianismo e islã foram frequentemente pressionados a compensar e que influenciaram profundamente a maneira como “Deus” é concebido e figurado no imaginário ocidental até hoje.

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Publicado

2024-11-14

Como Citar

Uehlinger, C. (2024). Companhias incômodas para Javé? Deusas no mundo do Antigo Israel e arredores. Mandrágora, 25(1), 5–31. https://doi.org/10.15603/2176-0985/mandragora.v25n1p5-31