AMZOL: mulheres da periferia de São Paulo em busca de protagonismo
DOI:
https://doi.org/10.15603/ma272191-208Resumo
O protagonismo tem sido a grande meta a ser alcançada pelas mulheres dentro da Igreja Católica, tendo em vista a recusa aos ministérios ordenados e aos cargos de decisão por sua hierarquia. O cristianismo patriarcal que dominou a Igreja cristã na ortodoxia clássica apresenta uma religião dirigida aos homens, pois mostrou, na perspectiva popular, a mulher como portadora do pecado. Embora tenha permitido que a mulher recebesse o Batismo, a teologia clássica ressaltava sua “maior propensão para o pecado” (Rosemary RUETHER, 1993, p. 84), baseada no mito de origem de Adão e Eva que “naturalizou” a culpa das mulheres. Desta forma, a culpabilização foi sempre uma forma de manter as mulheres submissas e a não se rebelarem contra o seu papel de submissão no lar e na Igreja. Este texto visa enfocar a luta por protagonismo de mulheres das periferias, que começaram como membros de Comunidades Eclesiais de Base na zona leste de São Paulo e acabaram criando uma associação popular – AMZOL – para protagonizar lutas sociais e políticas na região a partir da década de 1960. Elas se transformaram em promotoras legais populares, criaram o Centro Maria Miguel (um setor da AMZOL) de combate à violência doméstica, tendo a parceria da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo. e acabaram por conquistar importantes políticas públicas. Para bem iluminar sua trajetória enquanto mulheres de periferia, este texto inicia com uma breve revisão histórica de como a revolução industrial e o advento do capitalismo colaboraram para o recrudescimento do processo de subalternidade e submissão das mulheres quando elas tentaram entrar para o mudo do trabalho e, em seguida, aborda como o Vaticano empreendeu uma cruzada para combater a ameaça do ateísmo militante e do comunismo através da Ação Católica, um empreendimento dirigido ao laicato, ainda de cunho patriarcal e bastante elitista. Portanto, foi a militância feminista que empoderou as mulheres das periferias e permitiu importantes conquistas sociais e políticas nas periferias dos grandes centros urbanos.
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