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A antropofagia de Oswald de Andrade propõe devorar os valores do outro, a fim de digeri-los, criticamente. Parte do “ver com olhos livres” e oferece um diagnóstico e um prognóstico da brasilidade. Andrade pensa a cultura brasileira, com frutos que podem ser vistos na Tropicália, no Teatro Oficina e no Manguebeat. Da gula (Flusser) à iconofagia (Baitello Junior), passando pela mestiçagem (Pinheiro), a poética oswaldiana provoca a pesquisa comunicacional brasileira e deixa-nos uma possível filosofia antropófaga, que parece ter contatos com a ecologia dos saberes (Santos) e o pensamento complexo (Morin). Em busca de “abraçar diferenças” (Künsch; Passos), nossa dúvida – daí o ensaio como metodologia – é sobre a possibilidade de pensarmos a compreensão como uma relação (Buber) que envolve o comer e a abertura para ser comido.