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Este trabalho tem como objetivo compreender os sentidos sobre a primeira infância presentes no documentário brasileiro “O começo da vida” (Estela Renner, 2016). Para isso, por meio de conceitos da Análise do Discurso (AD), investigamos quem é o espectador imaginado, a organização discursiva do filme e os efeitos de verdade estabelecidos por ele. Concluímos que, junto com o sentido preponderante de valorização dos cuidados na primeira infância, a obra carrega outros sentidos, como o da possibilidade de um futuro predeterminado para algumas crianças, principalmente as que vivem em vulnerabilidade social. Além disso, percebemos que os “efeitos de verdade” construídos para a argumentação do filme, ou seja, as condições tecidas por seus realizadores para que a narrativa proposta sobre a primeira infância seja considerada “válida”, carrega silenciamentos de sentido.