
O artigo analisa a cobertura jornalística do caso de feminicídio de Julieta Hernández, artista venezuelana assassinada no Brasil em dezembro de 2023, pelos portais de notícias G1 e Estadão. Utilizando a Análise do Discurso (AD) como metodologia, o estudo identificou a ausência de termos como "feminicídio" na maioria das reportagens, exceto quando mencionados por manifestantes. Além disso, observou-se a falta de consulta a especialistas em violência de gênero, a despolitização das manifestações de protesto e a ausência de uma abordagem interseccional, que ignorou as várias camadas de opressão enfrentadas por Julieta como mulher, imigrante e artista periférica. Essas narrativas acabam por invisibilizar as dimensões estruturais do feminicídio, perpetuando uma visão limitada dos crimes de gênero.