CURAS E MITOS EM NAVEGAÇÃO, À BEIRA E AO FUNDO DO TAPAJÓS, E EM SUAS MATAS

DUAS PAJÉS NO PROTAGONISMO DAS TRADIÇÕES KUMARUARA ENTRE RITOS, MITOS E ENCANTADOS NO COLETIVO AMERÍNDIO “SOLIMÕES”

Resumo

A abordagem antropológica da religião mais contemporânea, destaca a importância de reconhecer e valorizar a diversidade cultural dos povos ameríndios, não apenas como um legado etnohistórico, mas como um componente essencial para compreensão da vida humana em seus respectivos mundos ecológicos. Esses estilos de vida refletem uma ligação significativa entre pessoas, heranças e seus ambientes antropizados, fornecendo valiosos insights sobre convivência humana e não-humana e de proteção às vidas. É de extrema importância adotar uma perspectiva que reconheça o valor intrínseco desses modos de vida e sua contínua contribuição para as sociedades globais. Este artigo examina como os saberes ameríndios exercem uma influência significativa e duradoura no mundo tapajônico, destacando a relevância dos mitos, rituais e narrativas, transmitidas oralmente, para preservar as dinâmicas dos saberes ancestrais. Estas narrativas revelam a nós, histórias vívidas e envolventes que nos foram apresentadas pelas Pajé Neusa Kumaruara, uma guardiã respeitada de saberes de cura, e pela Pajé Suzete Kumaruara, que generosamente compartilha seu conhecimento sobre ervas medicinais e práticas de cura. Além disso, o texto vivifica narrativas mágicas de mitos envolventes, como a fascinante história do boto, uma experiência pessoal da Pajé Neusa, e a arrebatadora lenda da Cobra Grande no Rio Tapajós. Essas narrativas, transmitidas dinamicamente de geração em geração, revelam a vasta riqueza dos modos de vida local e regional, que caracterizam as comunidades ameríndias locais da região do Tapajós.