ESPECTROCÍDIO RELIGIOSO
O AUTISMO DIANTE DA VIOLÊNCIA DA CURA E DA PUREZA
DOI:
https://doi.org/10.15603/2176-1078/er.v39n1pe2025-005Palavras-chave:
espectrocídio, capacitismo, teoria Crip, espiritualidade, autismoResumo
Este artigo propõe a cunhagem do conceito de "espectrocídio" como uma categoria analítica para compreender os processos simbólicos, institucionais e espirituais de apagamento da identidade autista, especialmente nos contextos atravessados por discursos biomédicos e religiosos. Apoiado nos estudos da deficiência, na teoria Crip, na psicologia social crítica, na sociologia da religião e na filosofia do sagrado, o artigo analisa como o capacitismo se desdobra em práticas de normalização violenta, justificadas em nome da cura, da terapêutica ou da salvação. Partindo da experiência autista e do referencial de autores como Fiona Kumari Campbell, Bader Sawaia, Robert McRuer, Mircea Eliade e Erving Goffman, a proposta conceitual do espectrocídio visa nomear a violência que exige a renúncia à singularidade para garantir o pertencimento. O artigo também apresenta trechos de discursos religiosos previamente analisados por Freitas e Freitas (2024), demonstrando como o espectrocídio se materializa na linguagem da libertação espiritual. Ao final, reafirma-se a necessidade de uma ética da escuta, do reconhecimento e da resistência neurodivergente como caminhos para a construção de espaços verdadeiramente inclusivos.
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