As famílias e o mito da vulnerabilidade social nas políticas sociais
DOI:
https://doi.org/10.15603/2176-0985/mu.v31n1p95-107Resumo
O artigo em questão é um ensaio teórico-crítico, produto de pesquisa desenvolvida, em nível de pós-graduação, na área da Psicologia Sócio-Histórica, e que tem como objetivo apresentar as relações entre as categorias de vulnerabilidade social e desigualdade social no âmbito das políticas públicas. Para tal, desenvolvendo-se em três tópicos, lançar-se-á mão de uma definição do que compreende-se, teórica e tecnicamente, como vulnerabilidade social e como desigualdade social, para, em sequência, analisarmos tais definições em seus ensejos e aparecimentos (velados ou não) em algumas das principais políticas sociais no Brasil. Desta forma, observou-se um processo de naturalização de formas de exploração-dominação-opressão, reduzidas à noção de vulnerabilidade social, e, consequentemente, culpabilização/responsabilização da família sobre a questão social. Família, então, aparece utilizada como uma “figura de linguagem” que oculta o processo de superexploração do trabalho reprodutivo e invisível de mulheres, especialmente em um cenário político moderno que evidencia que a desigualdade social mas, no entanto, inúmeros mecanismos ideológicos fazem com que nos afastemos da contradição que a produz: a contradição Capital - Trabalho - Estado, que legitima as formas históricas de exploração de riquezas e de trabalhadoras/es, que produz a questão social e suas refrações, e que escamoteia a violência contra a classe trabalhadora, as mulheres, os negros e os indígenas, entre outros.
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